O Jejum Intermitente é a "Nova Moda"?
Religião
Estamos a precisamente 26 dias do Ramadão, período de jejum religioso do povo Muçulmano. Esta é uma prática mais antiga que a própria religião e praticada não só pela religião Islâmica, mas por todas as outras também. Pelo menos já foi. Na Bíblia, tanto no Antigo Testamento como no Novo testamento, existem vários versículos sobre o jejum. “Renunciamos a comida por algum tempo para focarmos em Deus.”
Evolução
Para além da religião, parece-nos que os nossos antepassados faziam jejum com alguma regularidade por outros motivos. Primeiro, porque nem sempre tinham comida (no período Paleolítico por exemplo também conhecido como a “Idade da Pedra”). Não era um ato “voluntário”. Não faziam jejum porque queriam, ou estava na moda, ou porque a igreja mandava. Nem sempre comiam porque nem sempre tinham comida. Os primeiros humanos eram nômades, caçadores-coletores. Portanto, não tinham uma habitação fixa e comiam o que caçavam e coletavam por onde andavam. E as vezes não havia comida, pronto! O que não tinham de certeza era frigoríficos e arcas congeladoras. Do ponto de vista evolutivo, não faz sentido que o corpo humano e os genes não se adaptassem a tal. Nós somos todos descendentes deste grupo e consequentemente herdámos estes genes da capacidade de fazer jejum e SOBREVIVER, e até de ficarmos mais fortes. É o que se suspeita que acontecia aos homens das cavernas, quanto mais escassos os alimentos, mais fortes (mais energia e mais músculo) eles ficavam para caçar e para que os seus filhotes sobrevivesem.
Medicina
Eventualmente a agricultura levou à civilização e ao conceito de "comunidade". Já nestes tempos, o jejum era menos frequente, mas era na mesma praticado e recomendado pelos melhores “médicos” do sítio! Deste o Hippocrates (c 460-370 BC) ao Paracelsus, “Pai da medicina moderna”, que disse “O jejum é o melhor remédio – é o médico do seu organismo”, recomendavam o jejum como uma prática essêncial para o equilíbrio e saúde.
Ao longo dos últimos e mais recentes séculos o jejum continuou a existir, embora às vezes “mascarado” e modificado. Já que agora diz-se que não se deve ficar sem comer…as pessoas fazem “limpezas e desintoxicações” e substituem as refeições por sumos e batidos etc. O conceito é o mesmo (embora o efeito não): melhorar a saúde e o bem-estar físico, emocional e espiritual.
Parece que afinal fazer jejum não faz mal … e não está na moda agora… SEMPRE esteve ...
Mas então o que é o Jejum Intermitente?
Fazer jejum ou jejuar, hoje conhecido como Jejum Intermitente, simplesmente significa períodos determinados sem comer. Como tal, todos nós fazemos ainda jejum em algum momento durante o dia e noite, entre as refeições e durante o descanso. Existem vários horários comuns, desde somente algumas horas a períodos mais prolongados. O Jejum Intermitente mais comum é de 16 horas. Existe também o Jejum de Dias Alternados de 24, 36, ou 42 horas e os jejuns mais prolongados de 2 ou mais dias. No início qualquer um destes horários pode parecer assustador, mas fazer jejum é como fazer exercício: é necessário praticar e fortalecer esse "músculo". Visite o site idmprogram.com e leia os livros do Dr. Jason Fung, MD para aprofundar mais os seus conhecimentos sobre o tema.
Qual a relação entre o Jejum e a Dieta Low Carb?
Ambas as práticas ambicionam melhorar a saúde através da alimentação. Fisiologicamente, durante a restrição de hidratos/carboidratos (Dieta Low Carb/Keto/Paleo) e os perídos de jejum a produção de insulina é reduzida. A insulina em excesso pode levar a hiperinsulinemia e algumas preocupações de saúde como a obesidade, diabetes, e até infertilidade.
Existe ainda o fenómeno chamado AUTOFAGIA.
Auto- significa "a si mesmo" e -fagia significa "comer". Um processo pouco conhecido, estudado desde os anos 60, mas a sua importância foi descoberta através do trabalho do Professor Japonês Yoshinori Ohsumi, que em 2016 ganhou o Prémio Nobel de Medicina.
A Autofagia é desde então reconhecida como "um processo de regeneração natural que ocorre em nível celular no corpo, reduzindo a probabilidade do surgimento de algumas doenças, além de aumentar a longevidade." O processo que ajuda a perder peso e viver mais.
Mas como induzir a autofagia? O Professor Ohsumi demonstrou que períodos de jejum e restrição de certos alimentos (Low Carb) promove esta renovação celular e processo contra o envelhecimento, e assim protege contra doenças como Parkinson, Huntington e certas formas de demência, no controle de doenças e inflamação excessiva.
Que tal? Quer entrar nesta "moda" ou não?
Sobrevivência, religião e medicina. Uma moda que existe há pelo menos 200,000 anos...o que é bom realmente persiste!